Era muito bom! Era mesmo muito bom…
Teria sido muito bom, se este longo intervalo desde o ultimo post significasse que não existiu qualquer tipo de imbecilidade contra o património cultural. Porém, infelizmente…
Alguma parte deste silêncio foi provocada pela falta de tempo derivada aos compromissos profissionais e pessoais, que impediram o processo de recolha e de confirmação dos assuntos aqui tratados. A outra parte deve-se simplesmente ao pouco estímulo e a tristeza que tomou conta da minha pessoa devido aos inconstantes actos de irresponsabilidade, vandalismo, burrice, falta de vergonha, etc. provocados contra o Património Cultural, principalmente na área da arqueologia.
Durante este intervalo, fui reflectindo sobre a situação da actual Cultura em Portugal e cheguei a conclusão de que no caso dos nossos Governantes, existe uma grande “Miopia Cultural” (em alguns casos, quase uma cegueira total), que impedem de observarem os acontecimentos com a devida clareza necessária e acabam tomando decisões que possuem um futuro turvo e sombrio.
Confesso que por muitas vezes achei que seria melhor decretar a morte deste Blog. Fiquei cansado de denunciar as autoridades competentes e de dar conhecimento ao público geral, algumas das imbecilidades cometidas.
Passei a sentir-me pequeno e impotente perante aos acontecimentos. Cansei de presenciar destruição e falta de respeito pelo Património Cultural, que poderiam ser evitadas se as autoridades competentes fossem mais ágeis e menos bur(R)ocráticas.
Fiquei desiludido com alguns colegas da área da arqueologia que simplesmente cruzam os braços ou fazem voto de silêncio sobre o assunto, tornando-se assim coniventes com algumas situações.
Tudo isto contribuiu para que quase passasse uma certidão de óbito para este Blog,
Porém, dentro da minha consciência, o meu lado de revolta e de revolucionário era mais forte e não me deixava desistir da luta…
Acredito que em termos gerais a importância da preservação do património cultural parece ser uma matéria consensual, porque, normalmente, ninguém põe em causa a importância da sua defesa e valorização. Mas já o mesmo não se pode dizer dos actos que estão na base da sua salvaguarda.
Tendo em consideração que a património fornece-nos, dados para nos situarmos em relação ao passado quando, muitas vezes, já nada resta dele, a sua preservação assume uma papel de grande importância. Pois, neste sentido, não só o passado é recuperado, como também são enaltecidas todas as actividades e expressões culturais que se possam converter num instrumento ao serviço do fortalecimento da construção de uma identidade simbólica da sociedade.
Por isto, apesar de desanimado, irei continuar…
Vou resistir e vou continuar denunciando as imbecilidades, na esperança de que algum dia comece a tomar forma um grande manifesto pela mudança das mentalidades, que os estudantes não encham as ruas somente para reclamarem das propinas e das provas de acesso, que os políticos não deturpem a cultura e que as pessoas deixem de pensar somente no seu umbigo…
Acham que sou um sonhador???
Somente estou lutando e defendendo um ideal.
A Fábrica Têxtil Manú, que data da 1ª metade do séc. XX, situada no gaveto entre as Ruas de Rodrigues de Freitas e a Rua dos Polacos, nº 25, encontra-se na área de protecção ao Mosteiro da Serra do Pilar (MN), sendo que a demolição ou a aprovação de qualquer intervenção urbanística carecem de parecer prévio do IPPAR. 
