Molhe do Douro Ameaça Arte Rupestre em Vila Nova de Gaia

Situado na Foz do Rio Douro, o Cabedelo é um areal que possui uma estrutura alongada, ligada à margem Sul, com aproximadamente 1 Km de extensão e mais ou menos 120 metros de largura, com cotas que não ultrapassam os 6 metros de altitude, que ficam submersas e são removidas durante as grandes cheias.
Os efeitos antagónicos da acumulação e das cheias, bem como o conjunto de obras realizadas que deslocou o canal principal do Rio Douro para a margem Norte, estão directamente relacionadas com a forma do Cabedelo, que sofre algumas variações com as acções de dragagem e de remoção de areias. Actualmente a construção do novo molhe do Rio Douro, anda a provocar uma mudança considerável na paisagem local, que poderá afectar o local onde se encontram a

As gravuras estão durante a maior parte do tempo cobertas com pelo menos 1,5 m de areia que o mar deposita junto ao aglomerado de rochas, sendo somente descobertas durante os meses de Março e Abril dependendo da movimentação e da força das marés.
Porém, a construção do enrocamento em direcção ao mar no extremo do Cabedelo, alterou o movimento das correntes marítimas, que ciclicamente depositavam e retiravam a areia junto as rochas gravadas, deixando-as completamente a descoberto e a mercê das acções das ondas que rebentam directamente contra elas, das variações climáticas e dos vândalos.
O complexo rupestre do Cabedelo, é o primeiro e, actualmente, o único sítio de arte rupestre localizado na actual Foz do Rio Douro. Actualmente vem sendo objecto de um estudo realizado por uma equipa de pesquisadores multidisciplinar. A sua localização, orientação e os motivos gravados revelam um ideograma que confere ao local o aspecto de u

O sítio das gravuras está localizado numa zona com alguns vestígios arqueológicos à sua volta, que vão desde o paleolítico até ao megalitismo na zona da Madalena, do Bronze final até á Idade Média no Castelo de Gaia, Arqueologia Militar, Arqueologia Industrial e Arqueologia subaquática e naval, embora este último tipo de pesquisa seja ainda inexistente em Vila Nova de Gaia.
Somente o homem é capaz de transformar algo natural em algo cultural, o simples acto de retratar na rocha uma cena de caça, um bando de animais ou figuras esquemáticas, pode ser comparado com o acto de apanhar uma caneta ou um lápis e escrever uma poesia.
Por isto, a arte rupestre deve ser entendida como um código de linguagem visual, e a sua “interpretação”, ou melhor, a sua análise não mais prender-se somente a descrever e classificar analisando aspectos tecnológicos, morfológicos e funcionais, mas sim, considerá-los como produtos da actividade humana, instrumentos de intervenção humana e em ultima análise, verdadeiros resíduos físicos de relações sociais e ambientais.
O desafio que este tipo de arte oferece é, literalmente, o de traduzir as observações de coisas materiais e estáticas em afirmações sobre a dinâmica dos modos de vida do passado e sobre as condições que permitiram a sobrevivência dessas coisas até ao presente.
Por mais rudimentar que ela pareça, a sua execução pressupõe um pensamento reflectido. O homem só consegue fazer algo se souber imaginar, antes mesmo do primeiro gesto, aquilo que vai obter. Fazer uma gravura ou uma pintura, significa ter na cabeça a imagem desta, o seu conceito.

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