Porto: Túnel de Ceuta - Vergonha, VERgonha, VERGOnha, VERGONHA

Depois de uma longa espera, apareceu a luz no final do “túnel” e mais uma vez o IPPAR dá o dito pelo não dito.
Normalmente quem conhece um pouco das actuais “Virtudes Culturais” dos políticos Portugueses já desconfiaria que o final desta novela seria este:

O Túnel continua no mesmo lugar, dane-se o Património Cultural Português, dane-se o respeito pelas Leis Portuguesas.

O que podemos esperar de um País no qual são fechadas maternidades e escolas, que constrói estádios de futebol ao invés de criar condições minimamente aceitáveis nos hospitais, que inaugura obras inacabadas, que possui políticos incapazes de cumprirem a lei... enfim, não poderíamos esperar grande coisa para o Património Cultural.

Já ando cansado da velha desculpa do “progresso “e da “necessidade de desenvolvimento”, que são utilizados sempre como exemplo para justificar as piores Imbecilidades que andam a praticar contra o Património Cultural. É muito mais fácil jogar a culpa em algo, do que assumir a responsabilidade por um erro de projecto ou mesmo assumir a incompetência para a realização do projecto. O túnel de Ceuta é mais um exemplo disto.

Porém, não podemos esquecer que a má gestão do Património Cultural Português também possui a sua cota de culpa neste processo (alguém poderia fazer o favor de avisar ao IPPAR que o Património Cultural Português não se resume somente as Igrejas e aos Castelos que são transformados em Pousadas). Porém, o que podemos esperar de um Instituto que possui processos de classificação com 10, 12, ... anos de espera para serem finalizados?

O Túnel de Ceuta também serve de exemplo para mostrar que neste País as Leis podem ser desrespeitadas e contornadas sem o menor problema.
A retirada da queixa pelo IPPAR somente reforça a ideia de que as pessoas podem fazer tudo e mais alguma coisa que lhes apetece contra o Património Cultural, que no final tudo termina bem.
Pelo menos o Tribunal decidiu manter a queixa e continuar apurando os factos. Mas sinceramente, podemos adivinhar que não vai dar em nada.

A nova direcção do IPPAR (Elísio Summavielle é o Presidente desde Dezembro de 2005) com esta decisão conseguiu em tão pouco tempo desmoralizar e fragilizar ainda mais a Instituição. Fico muito preocupado com o futuro do Património Cultural classificado depois disto tudo. Cada vez fica mais claro que as decisões são assentes muito mais em questões políticas do que culturais.

Para a Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, o Museu Soares dos Reis "sai bastante bem com a solução encontrada", que "não passa por um tão grave atentado ao património". Quanto a esta afirmação, somente posso comentar o seguinte: não é tão grave, mas continua sendo uma Imbecilidade. ( e eu que andava começando a simpatizar com a Senhora Ministra)

P.S. Dia após dia começo a acreditar que o termo “politicamente correcto” é uma grande treta. Ou se é político ou se é correcto, os dois juntos não passam de uma doce ilusão.

Leiam e tirem as vossas conclusões.
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