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Este espaço visa relatar e denunciar os disparates que o ser humano anda a fazer contra o Património Cultural Português. Qualquer contribuição será aceite desde que seja verdadeira e se possível acompanhada de fotos elucidativas.

terça-feira, fevereiro 28, 2006

Caminha: Câmara Municipal quer Desclassificar Sítio Arqueológico

Câmara pede nulidade de classificação do Coto

A Câmara Municipal de Caminha entrepôs uma acção junto do Supremo Tribunal Administrativo no final do passado mês, contra o Conselho de Ministros e o IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico), pedindo a "nulidade do acto administrativo de classificação da estação arqueológica do Alto do Coto da Pena", em Vilarelho, bem como de todos os actos "dele derivados".
Este castro encontra-se classificado como imóvel de interesse público desde 1981, e em princípios de 2004 estalou forte polémica, quando um empreiteiro, pai do então vereador com o pelouro das obras particulares (Bento Chão) iniciou a construção de um loteamento na área de protecção (50 metros) do monumento classificado, sem parecer prévio, conforme o IPPAR alertou na altura o município caminhense.
Apesar de numa primeira fase, o Executivo social-democrata liderado por Júlia Paula se ter mostrado renitente em acatar a ordem de suspensão dos trabalhos insistentemente exigida por esse instituto, acabou por aceder a 4 de Fevereiro desse ano, embora nunca tenha embargado a obra.
A autarquia justificava a sua recusa inicial, pelo facto de entender que o PDM de Caminha, em vigor desde 1995, não ter estabelecido a zona de protecção do castro classificado, além de considerar que a mancha da zona protectora já se incluía na área classificada da estação arqueológica.
Face à argumentação apresentada então pela câmara, o IPPAR solicitara à Procuradoria-Geral da República um parecer, de modo a desfazer dúvidas, o qual lhe foi favorável, por entender que a classificação de um imóvel como de interesse público "determina a criação automática de uma zona geral de protecção de 50 metros a contar dos limites externos do imóvel classificado".
Pelo facto de a planta de condicionantes não identificar "expressamente a zona geral de protecção", a Procuradoria-Geral da República entendeu que essa "deficiência gráfica" deveria ser suprida pelo Município caminhense -tal como o IPPAR também já solicitara-, adiantando igualmente que a inexistência da respectiva autorização por parte do IPPAR tornava "nulo" o licenciamento camarário do loteamento.Refira-se que esta estação castreja já originara celeuma em 1979, quando o mesmo empresário, ao construir um loteamento e revolvendo o solo, destruíra uma série de estruturas milenares.
Em 2004, a presidente da Câmara, Júlia Paula, reafirmou a legalidade do deferimento da obra, a exclusão dos 4100 metros quadrados do terreno do perímetro de protecção do imóvel classificado e desvalorizado os achados arqueológicos, no decorrer de uma reunião da Assembleia Municipal. O IPPAR voltou a contrariar a autarquia.
Este instituto, na sequência do contacto, a 12 de Fevereiro de 2004, com o município, assumiu que, face ao não cumprimento das "tramitações legalmente estabelecidas para as áreas de protecção ao património classificado", houve "destruição de vestígios arqueológicos".
A propósito dos dados mais recentes, nomeadamente sobre a acção junto do Supremo Tribunal Administrativo tentámos que a presidente da Câmara, Júlia Paula, nos precisasse as razões deste pedido de desclassificação do monumento nacional, mas encontrava-se muito apressada, quando confrontada pessoalmente.

Luís Almeida in: Jornal de Notícias 27 de Fevereiro de 2006

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bem sei, Astralopithecus, que o assunto que me trás não é um comentário ao seu artigo. Porém, preciso desabafar a indignação perante a "imbecilidade" do Túnel de Ceuta, mesmo em frente ao Museu Nacional Soares dos Reis. No Ultraperiférico já fiz um artigo sobre o assunto. E aqui, não se arranja uma fotografia daquele escândalo? É uma proposta que lhe faço, embora vivendo em Lisboa não possa tirar uma fotografia do sítio.

quarta-feira, 01 março, 2006

 
Blogger Sergio Pereira said...

Caro Roteia.

Quando decidi criar este Blog para denunciar o actual cenário do Património Cultural Português, pensei muito e acabei optando por
somente divulgar factos que ocorreram após a data da criação deste Blog.
Se fosse divulgar todos os atentados que conheço e que presenciei até a data da criação, provavelmente este blog estaria quase cheio.
Em relação ao túnel de Ceuta, o problema já existia quando este blog foi criado. Mas, como o assunto ainda arrasta-se e seguindo de bom grado a vossa sugestão, estou pensando em escrever um post (com fotos) quando for divulgada uma decisão final.
Cumprimentos.

quarta-feira, 01 março, 2006

 
Anonymous Anónimo said...

Caro Astrolopithecus:
O problema é esse mesmo. A decisão já foi tomada pela actual direcção do IPPAR, ilibando antecipadamente Rui Rio no processo judicial que lhe fora movido pela anterior direcção do mesmo instituto. Trata-se decerto de um esvaziamento do processo judicial, com protecções políticas irresponsaveis.
Pesquisei no Google "Tunel de Ceuta". Vem lá bem explicado que o caso está resolvido, a menos que a opinião pública se mexa... A blogosfera portuense parece não se preocupar com o assunto.

quarta-feira, 01 março, 2006

 
Blogger Sergio Pereira said...

Bem, as informações que tenho apurado junto com algumas pessoas ligadas ao Museu Soares dos Reis, não são as mesmas que estão sendo divulgadas pela Comunicação. Vou apurar melhor os factos.
Mas desde já posso afirmar que apesar de considerar o desrespeito as Leis um crime grave, a maior vergonha para o Porto está na forma de como o IPPAR lidou com a situação.
Saudações.

quinta-feira, 02 março, 2006

 
Anonymous Anónimo said...

Com presidentes de câmara imbecis como estes, e com um arqueólogo que lá trabalha ainda mais imbecil (por isso mesmo é que lá foi parar, pela mão da imbecil mor)só podiam acontecer coisas destas! E mais não digo!

segunda-feira, 12 fevereiro, 2007

 

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